Ela
acreditava que até uma cadeira poderia ser descrita com mais emoção. K não
conseguia aceitar o rumo que sua vida tinha tomado. Um dia após o outro, cheio
de nadas e não há melhor maneira de escrever sobre isso.
Parece
fácil olhar para essas páginas e depositar aqui toda a angústia que isso lhe
causava.
Todos
os porquês lhe escapavam das mãos, mas K sabia que era sua responsabilidade
fazer algo por si mesma. Enquanto olhava para o dia claro através de persianas
meio fechadas, ela decidiu que tomaria um banho, se arrumaria e finalmente ""seria a mudança que queria ver em sua vida"". Ela pensou em todos esses clichês e
citações de filósofos e líderes espirituais enquanto prendia o cabelo preto em
um coque no topo da cabeça. Sabia que depois daquela porta encontraria toda a
sua ansiedade, como uma criança na sala de espera do dentista.
A
coragem que a preenchia se esvaia conforme as horas passavam arrastadas e
decisivas. K chegara ao escritório no horário de sempre, colocou sua bolsa na
cadeira, como sempre, tirou seu cardigã e o pendurou atrás da porta mais uma
vez. Seu chefe estava a poucos metros de distância e ela sabia que poderia
falar com ele se quisesse. Em vez disso desceu as escadas e entrou no banheiro
escuro. Dez minutos e muitas suspeitas de intoxicação alimentar depois, K se
viu no corredor novamente, a porta cinza a encarava, uma atmosfera ameaçadora.
Mais
cedo ou mais tarde, ela sabia, deveria fazê-lo, mas como sempre, escolheu mais
tarde.
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