Acho que sinto falta do amor idealizado, de achar que algo em mim tem salvação. De enxergar em alguém o que me falta e de buscar isso a qualquer custo. No fim das contas o desejo que me move cessou, como se tudo já fosse meu, como se não restasse o que querer. E nosso ego já se encheu de nós e nós não nos bastamos, a catexia não nos mantém e o que sobra é a nossa morte.
Porque se tudo se resume a isso, à distância entre nós imposta e ao suposto amor por nós construído, então a proximidade nos afasta e desanima. Talvez o senso comum não esteja errado, a intimidade mata o tesão. E quanto ao amor, bom este pode continuar, brando e amigo, mas não nos contentamos com pouco, coisas mornas não nos atraem. Nossos olhos brilham diante da chama intensa, do que nos captura, e mesmo sendo difícil sair do lugar comum, sabemos que as coisas são assim. Não há em nós inocência que mascare a falta, por mais que seja disso que eu sinta saudade.
Talvez seja por reconhecer tudo isso que a duvida não se aquieta, que quero vomitar tudo que tenho, e quero que você vomite também. Por mais que doa, por mais que isso faça meu eu em pedaços. Porque ignorar não faz desaparecer a certeza em nós escondida.
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