sábado, 26 de abril de 2014

"Vírgulas"

Black não entendia o que estava acontecendo, olhava com seus olhos grandes as pessoas ao seu redor passando as pressas. Panos, bacias, compressas ninguém lhe explicava o que estava acontecendo. E hoje, mesmo passado tantos anos, o homem com o chapéu ainda olha confuso e quieto as pessoas em preto e pranto sem entender vírgulas.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Aí você vê que não adianta mesmo falar...
Foda-se :)

"Quem Explica?"

    Ando percebendo pequenos defeitos, não meus ou seus, mas defeitos que existem e estão por aí. Estou tentando entender o porquê de competirmos por tudo, o porquê de querermos tudo. O egoísmo que não é só meu, a agonia, a dúvida, que não nos pertencem.
    O que tentamos fazer? Amamos e somos amados -ou não- e não conseguimos ficar sem. De repente algo se cria, e não é uma dependência, é um sentimento de possuir, ou de pertencer. Mas parece tão errado dizer isso. Por quê? É natural, aprendemos que é assim, é assim que tudo funciona.
    Não queremos ser realistas, porque, sinceramente, realismo é uma porcaria. A realidade não satisfaz nosso ego. Por isso nos desprendemos dela e ficamos a deriva. O que os outros pensam nos influencia sim, não tente dizer o contrário. Talvez seja por isso que é tão importante ter nossas informações tão bem divulgadas.
    No fim das contas, somos todos carentes, de atenção, amor, glória, enfim, seja lá o que for que nos falta. Mas não gostamos de admitir, é vergonhoso assumir a posição de quem precisa de algo. Quem sabe seja por esse motivo que nos escondemos atrás de um pseudo recalque, qualquer coisa que nos afaste da incoerência. O que é estranho já que é aí que ela aparece.
    Embora já tenha perdido o foco do que seria o assunto do texto, acho interessante o modo como nos fazemos de forte ou de vítima. O modo como ora nos deixamos conhecer e ora fechamos todas as persianas. Como que para manter sempre o segredo.
    É curiosa a maneira como não nos damos conta disso até que façamos uma pausa, achamos sempre que somos genuínos e que nossos interesses também o são, quando na verdade apenas não reparamos como tudo isso apenas compõe a imagem que tentamos construir, aquela que divulgamos.
    Acho que também não quis me revelar, afinal, não surgiram aqui as palavras que me perturbavam a mente. Mas para um esboço, acho que já é o bastante.

terça-feira, 15 de abril de 2014

"O Diabo na Torre"

Sem sorriso e sem nó na garganta
Ele observa o enredo de cronômetro na mão
E conta todos os passos, todas as falas
Para que estes se façam certos
Ainda que numa rede bem feita
Caiba uma mentira mal contada

sexta-feira, 11 de abril de 2014

"Incontinência"

Ela deu alguns passos para trás
Assim o corpo cansado poderia respirar
Talvez desse jeito pudesse pensar sobre si.
Mas essa posição não a deixa confortável
Talvez esse cargo já não lhe sirva

A cabeça se inunda
Os pensamentos transbordam no papel, na tela
E são liberados pela incontinência da consciência
Que os lábios não são capazes de segurar

O suor escorre pelo corpo
As palavras saem pelos dedos
E ela vai se aquietando

"Tudo que é bom dura pouco"
Ela concorda
E seu alívio se acaba

Aos poucos a torneira se fecha
A água se mistura com  o sal de seu rosto
E nada lhe vem a cabeça
Apenas o corpo está presente
O corpo e a sensação que este lhe dá

Ela tentou se distanciar
Respirar e deixar acontecer
Perder o controle
E se perdeu

quinta-feira, 10 de abril de 2014

A quem possa interessar... 

Meu interesse

Sua presença era inegável
apesar da aparência disforme e camuflada em fumaça
seu peso sufocava a todos
mas por não se deixar ver com tanta clareza
permanecia ignorada

Na ignorância seu corpo cresceu
se estendendo por todo o cômodo
tomando o espaço que restava

E as mentes exaustas com seu peso
eram impedidas de perceber
que tudo que lhes faltava era ver 


terça-feira, 8 de abril de 2014

Passo as páginas aleatórias 
nada me expressa
não há pilula que me cure
dessa incerteza

quinta-feira, 3 de abril de 2014

"Desejo Inocência"

Acho que sinto falta do amor idealizado, de achar que algo em mim tem salvação. De enxergar em alguém o que me falta e de buscar isso a qualquer custo. No fim das contas o desejo que me move cessou, como se tudo já fosse meu, como se não restasse o que querer. E nosso ego já se encheu de nós e nós não nos bastamos, a catexia não nos mantém e o que sobra é a nossa morte.
Porque se tudo se resume a isso, à distância entre nós imposta e ao suposto amor por nós construído, então a proximidade nos afasta e desanima. Talvez o senso comum não esteja errado, a intimidade mata o tesão. E quanto ao amor, bom este pode continuar, brando e amigo, mas não nos contentamos com pouco, coisas mornas não nos atraem. Nossos olhos brilham diante da chama intensa, do que nos captura, e mesmo sendo difícil sair do lugar comum, sabemos que as coisas são assim. Não há em nós inocência que mascare a falta, por mais que seja disso que eu sinta saudade.
Talvez seja por reconhecer tudo isso que a duvida não se aquieta, que quero vomitar tudo que tenho, e quero que você vomite também. Por mais que doa, por mais que isso faça meu eu em pedaços. Porque ignorar não faz desaparecer a certeza em nós escondida.

Confesso que...


Sim talvez eu tenha uma "tara" por atenção, talvez eu deseje ser vista e exibida, talvez como um troféu ou talvez não.
Quem sabe eu queira que todos saibam o que eu sinto e preciso que saibam como se sente também. Porque preciso ser correspondida. Também quero ser querida. Até que isso me canse.
Não há dúvida de que o egoísmo me compõe, e a quem ele escapa? Nós gostamos disso, queremos que o outro nos deseje, mas queremos que seja incontrolável, impossível de guardar para si.
Em intensidades diferentes, em momentos diferentes, queremos nos descobrir, e no caminho esperamos que nos descubram. Que nos entendam e completem, por que só estar NÃO BASTA.
Queremos que as coisas mudem, mas não sabemos como será até que aconteça, queremos ser diferentes, e esse desejo nos impulsiona a sair de uma zona tão confortável e nos atirar no abismo turbulento de consequências de nossas escolhas.
No meio disso tudo somos pegos de surpresa por contradições e pela hipocrisia gerada por nossas próprias ideias, nossos ideais deixados de lado porque queremos provar algo, e nem sempre é para alguém.
Queremos ter, queremos amar, usar, e depois o desejo se esgota. E vai saber o que resta. 
Talvez o problema seja justamente esse, o querer, que nos move e nos prende, que nos determina, modifica. Bom, mau, não nos vamos nos ater a isso, já nos atemos a coisas o suficiente.